Olá amigos! Apesar de nesse blog eu ter como objetivo
principal falar sobre investimentos, por algumas vezes irei me alongar a outros
temas, e pretendo fazer isso até com certa frequência, pois, o meu objetivo
aqui é tentar, de alguma forma, trazer informações que eu julgue interessantes, e assim,
enriquecer o fluxo de informação entre nós da blogsfera investidora.
Informo, de antemão, que não sou da área de humanas e caso alguém tenha alguma crítica ou correção a fazer sinta-se à vontade e ficarei muito grato caso seja construtiva, afinal de contas estamos todos aqui para aprender. Essa é uma tentativa de fazer algo diferente e aguardo o comentário de vocês.
Neste post pretendo trazer informações que foram retiradas do livro “Dedo na ferida:
menos impostos, mais consumo” de autoria de Alberto Carlos Almeida (Editora
Record) publicado no ano de 2010. Este é um livro tem como objetivo principal demonstrar o nível de
consciência que o brasileiro tem em relação aos impostos. O autor demonstra diversos dados
a cerca do assunto obtidos através de entrevistas realizadas em todo o
território nacional, como por exemplo, se o brasileiro tem consciência de que
paga imposto, qual o peso da carga tributária no seu orçamento, se o cidadão sabe
quanto paga de impostos em cada serviço ou mercadoria que consome e o que o cidadão faria com o dinheiro caso os impostos fossem reduzidos.Vale
salientar que os dados iniciais da pesquisa foram apresentados ao Credit Suisse
Hedgigng-Griffo do Brasil, que decidiu financiar a pesquisa, possibilitando que esse livro fosse publicado.
Irei colocar aqui algumas das muitas informações que achei
interessantes.
Desde o ano de 1988 a carga tributária do Brasil não parou
de crescer, saindo de 23% do PIB em 1988, para ao redor de 40% do PIB em 2009. Ok
Ciclista, 40% do PIB é abocanhado, e daí? Nada melhor do que comparações para
se ter ideia de como somo roubados (ou ineficientes, como queiram). Comecemos
dando um tapa na cara e jogando um balde de água bem gelada. A média da carga
tributária no México corresponde a 16% do PIB meus amigos! Nossa Ciclista,
muito pouco hein. O que mais? Vamos nivelar por cima. A grande potência: EUA.
Querem chutar quanto do PIB é abocanhado pelo governo? Quer tentar dar um
chute? Já pensou? Pois aqui vai a resposta, meros 28% do PIB de toda riqueza
gerada nos EUA são tomados pelo estado. Parece mentira, mas não é. Será que os americanos fazem o milagre da multiplicação com o dinheiro? Talvez Deus não seja tão brasileiro como pensávamos.
Infelizmente a proporção que é
abocanhada do PIB brasileiro sob forma de tributação se assemelha à de países
da Zona do Euro, como no caso da “humilde e pouco afortunada” ALEMANHA, onde o
governo comete o “crime” de arrecadar o equivalente a 39% do PIB e oferecer
serviços públicos “ridículos”. Prefiro o Brasil, já que aqui a
gente paga só 35% do nosso PIB em tributos! Economizo 4%, mas prefiro ver a minha esposa
parindo na calçada do hospital! È mais bonito, mais heróico pra quem tá lá na calçada ajudando enquanto a TV filma! Que inveja dos alemães... Ops, falei...
Outro ponto demonstrado pelo autor é a relação da nossa carga tributária com a
estrutura social do Brasil. Ele afirma que a herança escravista moldou o nosso
sistema tributário. Essa herança escravista torna-se visível quando, por exemplo, os pobres proporcionalmente sofrem maior tributação que os ricos. Um dos
dados presentes no livro retrata bem essa realidade. Trabalhadores que ganham
até 2 salários mínimos são taxados em quase 54% da sua renda e trabalham 200
dias por ano para sustentar o estado, enquanto que brasileiros que ganham mais de
30 salários mínimos têm 30% da sua renda consumida pelos impostos e trabalham
100 dias (exatamente metade dos dias que a categoria anterior) para sustentar o
Estado. Saliento aqui que não sou comunista ou coisa do tipo. Demonstrei esses
dados pois acredito que esse é um dos vários fatores que influenciam a grande
desigualdade que é o observada no Brasil.
Um ultimo dado que quero citar é a respeito da % do PIB
investido na educação. Peço que os senhores tentem imaginar quanto do PIB é
investido em educação, baseando-se na qualidade da nossa educação pública. Agora lhe apresentarei alguns dados. Existe um programa
internacional chamado PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), que
como o próprio nome já sugere avalia a qualidade do ensino dos alunos em
diversos países do mundo (no Brasil são avaliados alunos do 7º ano do ensino fundamental à 3º série do ensino médio). No ano de 2012 foram avaliados 44 países, dentre eles
o Brasil. Segue o link das notas obtidas pela educação brasileira:
O que acham? Horrível, não? Ok. Agora vejamos os resultados da
Coréia do Sul:
Mamãe eu quero, mamãe eu quero... (Para baixar o relatório do PISA 2012 em português http://portal.inep.gov.br/internacional-novo-pisa-resultados acesse esse link e vá em Resultados 2012). Para quem não entende inglês ou quer algo mais simples vejam essa reportagem http://www.ebc.com.br/educacao/2013/12/ranking-do-pisa-2012 .
Baseado nisso. Qual conclusão tiraríamos? O Brasil não
investiu nada em educação esses anos todos e nem está investindo. É isso? Não! Vejamos. Hoje em
dia confesso que não sei quanto do PIB é investido na educação, mas, segundo o livro, em 2007 o
Brasil está uma posição à frente da Coréia do Sul quando compara-se o % dos gastos
públicos em educação em relação à Coréia. Investimos um quantia razoável na educação e não vemos retorno. Claro que esse é um dado pontual
referente ao ano de 2007. Mas, nesse mesmo gráfico, o Brasil gasta mais que
Cingapura (vice-campeã do PISA 2012) e até mesmo mais que a média do G7. Uma das explicações para o mal desempenho do Brasil no PISA é o maior investimento no ensino superior em relação aos ensinos básico e fundamental.Além disso fica claro a ineficiência do Estado nos seus investimentos, através da má alocação de recursos e redução da quantia real investida em virtude da corrupção.
Esses são alguns dos muitos dados que são fornecidos por
esse livro. Quanto à leitura confesso que não foi extremamente agradável e por
vezes um pouco monótona, uma vez que grande parte do livro concentra-se em demonstrar o método da pesquisa utilizada para a obtenção dos dados e a discussão destes. Todavia, considero uma leitura interessante a ser feita
por quem se interessa pelo tema. O livro é uma bela ferramenta de argumentação
pró-reforma tributária e demonstra como a ineficiência do governo corrói a sociedade brasileira.
O próximo livro que pretendo ler chama-se Complacência de
autoria de Fábio Giambiagi e Alexandre Schwartsman (http://livraria.folha.com.br/livros/negocios/complacencia-fabio-giambiagi-alexandre-schwartsman-1229131.html). Talvez mude de idéia
e escolha outro livro, mas até o momento tudo indica ser esse. Convido vocês a assistirem esse excelente vídeo no qual os autores são entrevistados:
Grande abraço!
Ciclista Investidor